31.5.09

[ela nao era amante nem de henry miller, nem era modelo de klimt]

preciso descobrir quem é essa mulher e nao sei mais onde procurar...
veja bem: Se dou a uma mulher por mim inventada um passado... ele seria tambem inventado?
se lhe dou pensamentos... os pensamentos sao meus?
ou sao dela desde quando a presentiei?
não sei bem da direcao que deveria buscar-lhe na vida
se so preciso colocar-lhe colares
ou se deveria tirar-lhe as vestes
onde estão seus pensamentos
dentro de qualquer lugar na minha cabeça?
deixe-me vê-los por favor
é uma troca justa

29.5.09

são muitos mundos, mas eu sempre destaco o mesmo
nunca sei muito bem a ordem das coisas
o quadro está antes na parede ou em mim?
nunca sei bem se um dia vou acabar de contar a estória que eu tenho contado desde que aprendi a contar estórias minhas
se é o que eu vejo, ou se ela vê em mim
ou mesmo se sou essa estória sem fim
nunca sei bem delimitar eu cabeça dentro ou fora.

Deve ser porque a alma tem outros limites
que não os das linhas da visão

27.5.09

a sepultura das cores

quem viu a cor que tinha?
mas parece que tinha no olhar daquela menina.
cabia dentro do olho toda a cartela de cores da faber castell
onde foi parar?
no mundo.
não nesse imundo.
nesse aqui.
nem coloriu o desmundo nem tiveram mais cores os olhos dela.
contam que foi de tá em tá. que ,o que tinha, perdeu a cor e perdeu a graça.

26.5.09

sobre a vida II

Ela: acho que nem na infância existe liberdade.

Ele: como não? Você pode até desenhar sem saber, e fazer isso o dia todo, todos os dias.

Ela: Mas tem sempre alguém por perto corrigindo a cor do seu céu. E querendo analisar porque você não consegue fazer formas redondas, quadrangulares, coloridas, humanas...

Ele: mas como se sentir coagido se você não sabe que está sendo analisado.

Ela: Sabe

Ele: Não sabe. Se não, criança não desenhava.

Ela: Sabe. Fica sabendo na primeira vez que a mãe diz que o céu é azul. Mas qualquer coisa é melhor que não desenhar, e não brincar.

Ele: Talvez... você tenha razão.

Ela: Depois lentamente você vai aprendendo a pensar o que te mandarem pensar...E segue assim até o fim da vida.

Ele: Mas você não se sente livre caminhando no Paranoá as 2:30 da manhã?

Ela: sinto.

Ele: o que precisa mais?

Ela: Ser.

Ele: como?

Ela: não sei. Tentei aprender observando as crianças, mas acho que não funcionou. Tenho pensado muito sobre Miró. Em suas abstrações... e nas caminhadas de Henry Miller por Paris...

Ele: hm...

Ela: Daí pode sair talvez uma liberdade minha...

Ele: Mas você acha Miro livre em seu traço em sua busca naif? Acho ele livre quando subverte toda forma de pintura clássica mas... no momento seguinte ele se prende ao seu próprio estilo. As vezes me pergunto se ele se perdoou por ter sido sempre um pseudo-naif.

Ela: Vejo diferente. Pra mim ele quis esgotar as possibilidades daquele traço.

Ele: Não acho que exista liberdade depois da escola de Belas Artes ou morando em Paris sem passar fome. Melhor você pensar no Henry Miller.

Ela: É possível mesmo que não haja liberdade total e que ele esteja preso a um estilo, mas é livre no dizer.

Ele: acho que quando ele se deixa associar ao surrealismo ele se prende até no que dizer.

Ela: Mas você não lembra que está falando de um homem que na década de vinte pinta uma mancha azul num quadro e escreve: é a cor dos meus sonhos.

18.5.09

lentamente os arredores desmoronam
pessoa a pessoa...
com elas
a mudança que seria possível
se enterra. mais de 10m abaixo da superfície.

5.5.09

um frio na barriga

Por que mudanças e decisões sempre vem junto com ele?