31.8.10

Por Lalinho

Meu pensamento é fluido. Tem forma e entonação determinadas pelo narrador com quem eu estiver enamorada. Quando casei com Henry Miller, além de tudo, me pensava em inglês. Não é que minha vida seja absorvida por mim em narração de romance. Mas ao mesmo tempo é. Eu vou discretamente me transformando em meu narrador, porque antes de poder narrar como ele tenho que escolher olhar assim como ele. Hoje eu vi a conversa da minha mãe com a costureira ao mesmo tempo que me contava sua conversa na voz de Lalinho que me tomou pelo braço, e me acompanhou nessas coisas todas de avião a noite passada, me ajudou a esquecer o medo que nem sei mais se tenho, mas que eu lembro que tinha. A lembrança contém. Essa mania complicou minha vida nos tempo em que eu andava por aí meio flertando com Platão, e às vezes minhas conversas de gtalk me saiam demasiado arrodeadas. Por outro lado, quando estava amigada de Cortazár, sempre comprava flores. Comprava flores, cuidava e viajava e elas morriam todas de uma vez.

Às vezes, acontece o mesmo com fotografia. Depois que fui ver Mapplethorpe passei umas 2 semanas cortando as fotos 1X1. Depois a situação ficou um pouco mais grave: comecei a compor em retângulo, imaginando que tinha um visor quadrado. Ai vinha o vento e levantava a poeira bem muito, eu nao via mais enquadre, nem fotômetro, nem mundo. Agora fico pensando se não deixo pra cortá-las em outra paixão.

Já com o cinema não. Nessas coisas de ver é muito dificil saber o que pode ser interpretação.

14.8.10

De todas as cores que tinham me encantado na manicure uma semana antes por sua fosforescência, nenhuma parecia um bom figurino pra volver a estos Aires. Dos laranjas passei aos vermelhos, dos vermelhos aos vinhos dos vinhos aos cinzas. Ainda sentia calor, e inverno já estava comigo.

Elisa, nao. Carrega o verão consigo.

6.8.10

A partir de amanha começo a envelhecer, até hoje eu estou crescendo.
PESADO.