a mon lemon
Eu não gosto de
voltar. Não é que Brasília seja especial, nem é por nada em específico, é que meu santo não bateu com o do
verbo, porque o tempo da volta pode não ser tempo do novo. Se eu esqueço o óculos em casa, ele fica em casa e eu sigo, o mesmo vale pra o protetor solar e pra a maça do lanche da tarde. Não volto pra buscar nada, a menos que tenha esquecido o canivete ou a lanterna, e eu esqueço sempre. Nesse esquecer diário, banalizei e esgotei a pobre palavra voltar que quando foi usada por mim pelas primeiras vezes era pura, livre e tão equivalente a ir.
O verbo esquecer por sua vez pode ser intransitivo, transitivo direto ou transitivo indireto. Se eu puder ser sábia, uso o esquecer como intransitivo. Quebro as conexões e as pernas do verbo esquecer (de coisas), libertando por outro lado o verbo voltar, que nem vai ser paraíso nem o contrario disso. Aí, então, apesar da incomodidade da pergunta: você volta? E a resposta, talvez possa ser, tanto faz, mas prefiro ir.