29.11.08
tão
em qualquer coisa.
26.11.08
mais verde na vida
Desci no Brasilia Shopping, (ou no museu da república, no congresso, não importa, porque Brasília não cheira a fim de tarde) não tomei quase nada de chuva. Pensei em aliviar meu enjôo com água antes do filme começar, porque a gente sempre pensa que ingerir alguma coisa resolve o problema até mesmo de estômago lotado.
- água, por favor, senhor.
As mãos cheias de verruga, que seguraram a minha água antes de mim, agitaram meu estômago, contribuindo para o enjôo.
Um deslize em meu olhar, me fez encontrar outro olhar. Esqueci as verrugas das mãos, enquanto o corpo que abrigava aquela alma, que se deixava amostra naquele olhar, se aproximava. Pude escolher desviar o olhar, mas quando as mãos saudáveis animadas por alma tão imunda me tocaram,
vomitei verde, dias e dias em pensamento e em sonho.
24.11.08
22.11.08
tudo muito civilizado.
Mas, se você sentir saudade, por favor não dê na vista. Bate palma com vontade, faz de conta que é turista.
20.11.08
19.11.08
18.11.08
17.11.08
16.11.08
15.11.08
elogio ao feio
quando já me lambuzava no mal-gosto alheio, subi a vista, sem querer, às meias grossas de algodão. pareceu-me um digno protesto a essa geração de culto ao belo.
opz!
os pés mecheram, as pernas descruzaram, o corpo levantou. O gran finale é proporcinoado pela estrelas encravadas na areia pelo solado ANTI-DERRAPANTE.
13.11.08
cena 10
Colocou o vinho para gelar e foi tomar banho. Primeiro o exfoliante, depois o sabonete, depois o óleo de amendoas, para sua pele estar impecável a noite, para que ele lhe dissesse que não havia pele mais macia, e delicadamente lhe perguntasse se poderia se embebedar em seu odor. Enchugou-se, passou o rímel, a sombra delicadamente brilhante, o batom bem vermelho. Vestiu-se de preto.
Tomou alguma coisa que estava na carteira e tocou a campanhia. Ela abriu a porta. Convidou-o para sentar e buscou-lhes o vinho de entrada que acompanharia as amenidades.
Como quem não quer nada ele disse: estou morrendo de fome. Derretendo em suavidade sua voz grave lhe responde: Então vamos jantar.
A bela mesa de rosas e velas foi complementada com o arroz e o salmão. Ela serviu os dois.
Não falaram. Ela viu flores e salmão. Já ele atribuia todo aquele maravilhoso sabor, à fatia de figado e um grande pedaço de coração de que ela lhe servira. Não conseguia olhar pra frente porque via no corpo dela o vazio de cada parte que lhe servira, passou todo o tempo olhando seu prato. Quando sem querer olhou pra frente, viu suas cavidades vazias serem preenchidas por um liquido gosmento e verde que estava na taça. Ela tomava vinho.
Finalmente acabou a etapa de romantismos desnecessários, poderiam trepar. Percebeu que era sua hora e fazer alguma coisa, levantou-se da mesa, puxou-a pela mão... pensou com certo nojo que treparia também com sua metade gosma. Ela levantou-se pensando que naquele dia poderia ser homem, e somente trepar, esquecendo da merda que fora o jantar em que eles não só nao trocaram uma só palavra, como ele nem conseguiu perceber seus olhos pintados, porque não lhe olhara.
Acompanhando os gemidos orgásticos, viu sair dela num vomito interminável toda a gosma verde de que lhe preenchera durante a relação. Era uma gosma espessa, sem fim. Ela levantou e vestiu-se, foi fazer qualquer coisa. Ele se encolheu com medo de morrer afogado no líquido que subia rapidamente em altura no quarto. E morreu, de medo. Dando-a de volta a liberdade que lhe roubara.
10.11.08
ordem das coisas
a almofada um dia não será mais preferida,
se suja ou rasga, que pena...
mas já começou sex and the city?
7.11.08
isso também passa
Essa história começa com a morte da cachorra. A doença foi o carrapato. A maldita doença do carrapato fez o bicho ir amufinando, amufinando... até que um dia ele morreu.
O pai que não agüentava mais levar a maldita cachorra pro médico sentiu alivio, mas não contou pra ninguém. Teve vontade de mandar os meninos pararem com o chororô. Mas ele podia agüentar os meninos chorando, a cachorrinha era tão bonitinha, e eles brincavam tanto com ela.
A menina, que encontrou a cachorrinha na feira e pediu tanto pro pai comprar, começou a contar os dias que passavam dali, porque sua mãe dizia que sua cachorrinha tava no céu e que tudo aquilo ia passar. A mãe sentia falta, mas a menininha chorava tão profundamente, que as vezes só escutávamos aaaaaaaaaaaaaaaa, como se quisesse tirar do estômago toda a descrença.
Quando sua mãe saiu de casa para comprar o pão, pegou a tesoura do costureiro, ficou de frente para o espelho, como o tempo não passava nunca, cortou mecha a mecha do cabelo. Quando a mãe entrou em casa e viu o cabelo da filha perguntou o que diabos ela tinha feito com o cabelo.
- quando crescer, vou saber que tudo passou.